domingo, 20 de março de 2011

Aprisionada em uma mente defeituosa


Minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto, contornando meus olhos, descendo pelas minhas bochechas, salgando minha boca e, enfim, caindo, e com elas iam todas as minhas tristezas e inseguranças, junto com minha força e confiança.
Não sabia se tinha feito o que era certo, ou o que eu achava certo.
Mas como poderia me arrepender agora, se já tinha feito?
Meu coração se enche de desespero e mágoas, e eu me afogo em um turbilhão de emoções. Eu tento lutar, mas não consigo, a correnteza é mais forte do que eu, então apenas deixo que o fluxo de sentimentos me leve, seja pra onde for.
Acabo chegando a uma parte do meu coração que eu não conhecia. Um lugar incolor, vazio, obscuro e intimidador. Nesse quarto, há doas portas. Uma, linda, maravilhosa, enfeitada com cristais e entalhes de madeira do século IX, e branca. A outra porta é velha, com pedaços quebrados, remendos, e preta. Havia também um bilhete: “Entre em uma delas”.
Fiquei desconfortável com a idéia de ter que entrar em um lugar que não conheço. Mas entrei, e por incrível que pareça, entrei na preta.
Não sei o porquê. Acho que ela me deixava mais confortável, algo que me lembrava de casa, algo de conhecido, já a branca era mais extravagante, era intimidadora.
Entrei, e acabei em um corredor. Ele era longo e estreito, com vários rostos salientes nas paredes, cada um com uma expressão diferente, uns com uma expressão de tristeza, outros de desprezo, mas todos com um ar sombrio e amedrontador. Continuei andando, até conseguir ver o fim do corredor. O fim era outra porta.
Elevo a ao á maçaneta, com o intuito de abrir a porta, mas quando apóio de leve minha mão na maçaneta, uma placa aparece na porta: “consciência”. Parei imediatamente, fiquei inerte, coma mãe apoiada. Não conseguia abrir, não conseguira abrir, pelo simples fato que atrás daquela porta estaria minha consciência.
Não poderia me dar ao luxo de ver o que se passava na minha mente, ou melhor, não queria ver. Tinha medo do que poderia descobrir, ou ter a confirmação do que eu já sabia, de que tinha pensamentos obscuros, mergulhados um ódio e tristeza, banhados um sangue e amargura. Se eu entrasse em minha mente, teria que ver o que fiz de novo, mas não queria ver, não queria admitir o que tinha feito, queria apenas que isso fosse uma vaga lembrança de um momento de delírios que nunca poderia se confirmar verdade, mas se eu entrasse por aquela porta, todos os meus medos estariam confirmados, e eu teria que viver com o peso dos meus pecados me atormentando pelo resto da vida.
Logo após que termino meus pensamentos insanos, de uma mente defeituosa, a porta simplesmente desaparece, do mesmo jeito que apareceu. Estou de volta em um infinito vazio, apenas eu e meu ego, o mesmo ego que me deixou sozinha, o mesmo ego que me fez perder tudo, o mesmo ego que me fez fazer o que fiz.
Continuo andando, sem rumo e sem sentido, eu era panes um espírito errante, aprisionado dentro de si mesmo, compartilhando sua dor e suas amarguras com sigo mesmo. Depois de andar no vazio, e em um silencio cortante, fico desnorteada. Será que nunca mais iria sair daquele imenso vazio de mágoas? Será que teria que continuar vagando pelo resto da eternidade, sem ao menos poder acabar com o meu sofrimento?
Sento. Junto às pernas ao corpo. Encolho-me o máximo possível. Fecho os olhos. Conto até dez. Abro-os de novo.
Uma nova lágrima desce pelo meu rosto, mas dessa vez não era uma lágrima de desespero, era uma lágrima de alívio. Quando meus olhos se abriram de novo, eu estava de volta ao local de onde partirá, contudo em seu exato lugar, mas minha felicidade durou pouca. Logo me lembro de onde estava antes da cair no abismo que é minha mente. Eu estava de volta á cena que me fez cais no abismo, que me fez definhar, me fez chorar até que a ultima gota de lágrima caísse, fazendo minhas lágrimas secarem.
Estava de volta á minha casa, no quarto dos meus pais, onde tudo estava pintado de vermelho, até mesmo eu. A faca quente em minhas mãos. E os corpos dos meus pais na cama, sem vida.

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