O sangue escoria pela parede, a mesma parede que, há pouco tempo era branca, agora manchada com um vermelho vibrante.
O corpo pregado na parede, ou pelo menos o que restou dele, todo dilacerado, com suas tripas penduradas para fora do corpo, com seus ossos e órgãos internos aparecendo.
No chão, um menino de olhos azuis, o azul mais profundo que se possa imaginar, e com os cabelos de um preto profundo. Ele estava com as roupas sujas de sangue, com respingos pelo corpo todo. O seu olhar era frio feito gelo, suas mãos estavam totalmente vermelhas, uma falca jogada perto de sua perna.
Na porta, entre o quarto e o corredor, uma menina parada, com os olhos esbugalhados. Olhava para aquela cena com desprezo, nojo, raiva e rancor, já o menino não demonstrava nada, absolutamente nada.
Um grito quebra o torturante silencio.
A menina estava de joelhos, em prantos, com os olhos inchados de lágrimas.
Era uma cena marcante, que com certeza deixaria cicatrizes em seu pequeno coração, que agora estava dilacerado. Ver sua amada mãe, naquele estado deplorável, era algo que inimaginável. Ela nunca pensaria que sua mãe teria um fim tão trágico. Ser morta por um menino tão bonito, mas tão gélido.
Ela nunca iria esquecer aquele olhar, o jeito com que ele a encarava, e a indiferença com que ele lidava com sua dor, a dor de um ente querido perdido, e a dor de um amor impossível.