domingo, 10 de julho de 2011

Entre quatro paredes


Sai para dar uma volta, outro dia, e notei uma coisa. Fazia um tempo glorioso – Melhor impossível, e com toda probabilidade o último a se ver por estas bandas durante muitos meses gelados -, no entanto quase todos os carros que passavam estavam com os vidros fechados.
(parcial: BRYSON, Bill. Crônicas de um país grande).
Perplexa, continuo andando pela longa avenida, pesando no grande desperdício que tinha sido o lindo dia ensolarado. Na próxima esquina, olho para a vitrine e vejo o que estava procurando, um lindo par de sapatos de salto. Entro na loja para provar. Enquanto estou esperando a atendente aparecer com o par de sapatos do meu tamanho- algo difícil de acontecer, pois o meu numero é o primeiro que acaba- escuto duas mulheres conversando no balcão.
Discretamente levanto e vou para mais perto do balcão, onde posso escutar a conversa melhor, e finjo que estrou olhando um lindo par de saltos cor-de-rosa com brilhos e lantejoulas –o sapato dos maus pesadelos- e vejo que as moças estão falando de uma onda de assaltos a mão armada na avenida. Tentei chegar mais perto, mas felizmente a atendente aparece o meu sapato, e sou obrigada a me retirar de meu posto expiatório para provar o sapato. Saio da loja satisfeita com o sapato, mais angustiada para saber do resto da conversa que as mulheres estavam tendo, mas me contendo apenas com o sapato.
Chego em casa e vou direto para o computador, para ver se encontro algo sobre essa onda de assaltos nas avenida, e o que encontrei foi uma matéria falando de dois assaltos a mão armada me uma avenida no Líbano. “Nossa, grande onda de assaltos”, pensei, será que era por isso que as pessoas estavam todas com os vidros fechados hoje?
Vou ver um pouco de tv, e quando coloco no jornal e lá estava, uma enorme matéria falando do quão perigoso é andar com as janelas do carro abertas nessa nova onda de assaltos. Fico impressionada com o sensacionalismo que a mídia criou, isolando as pessoas nos seus carros e casas cada vez mais, para cada vez mais poderem aliena-las.
No dia seguinte vou de carro até um restaurante que ficava do outro lado da cidade, e como não estava um dia tão feio, decidi quebrar com paradigma e abrir o vidro do carro. De início não foi lá grande coisa, mas quando parei no semáforo, ai sim virou notícia de jornal:
“Hoje, uma mulher de aproximada mente 35 anos de idade foi vitima de um assalto a mão armada na avenida mais movimentada da cidade, infelizmente a mulher resistiu ao assalto e acabou sendo baleada. Ela se encontra no hospital, em coma, mas não corre risco de vida”.
Irônico, não?

Artigo de Opinião - Capitões da areia

Artigo de Opinião sobre o Livro “Capitães da Areia”
Nome do autor: Jorge Amado
Título da obra: Capitães da Areia
Nome da editora: Livraria Martins Editora
Data da publicação: 1963
Numero de páginas: 300
Breve bibliografia de Jorge Amado
Jorge Amado nasceu em 1912 na Bahia, o local usado em muitas de suas obras. Sendo um dos representantes do ciclo romance baiano, é um dos romancistas brasileiros mais lidos no mundo, tendo seus livros traduzidos para diversos idiomas. Seus livros têm em sua maioria personagens humildes, como plantadores de cacau, pescadores ou até mesmo meninos abandonados, retratando a sociedade e as dificuldades que esses personagens sofrem com a diferença de classes, criticando a sociedade sobre esses aspectos. Jorge morreu em Salvador em 2001, deixando um acervo de mais de 40 livros publicados, dentre eles podemos constar: O País do Carnaval, Cacau, Jubiabá, Terras do Sem fim, A Morte e a Morte de Quincas Berro d´Água, Seara Vermelha, O Cavaleiro da Esperança, O Mundo da Paz, Os Subterrâneos da Liberdade, Gabriela, Cravo e Canela, Suor, Mar Morto, Capitães de Areia, São Jorge dos Ilhéus, Os Velhos Marinheiros, Os Pastores da Noite, Dona Flor e seus Dois Maridos, ABC de Castro Alves, O Amor do Soldado, Bahia de Todos os Santos, A Estrada do Mar, Tereza Batista Cansada de Guerra, Tieta do Agreste, Farda Fardão e Camisola de Dormir.
http://www.suapesquisa.com/jorgeamado/
Artigo de opinião
Capitães de Areia retrata a Bahia dos anos 30, onde um grupo de crianças abandonadas, os Capitães da Areia, vivem e fazem de tudo para sobreviver, desde pequenos roubos de comida até grandes armações para invadir e roubar as casas mais luxuosas da cidade.
Nos primeiros capítulos, o livro nos introduz seus principais personagens, começando pelo líder dos Capitães, Pedro Bala, um menino filho de um doqueiro que morreu em uma greve. Pedro está nas ruas dede os seus cinco anos, e é muito admirado pelos outros membros dos Capitães, sendo um líder nato. Os outros personagens principais, como Gato, Pirulito, Boa Vida, Sem-Perna, Volta Seca, Professor e João Grande são apresentados nos capítulos seguintes, tendo um pouco de sua história e de como eles foram parar nas ruas e como viraram um membro dos Capitães.
Esses meninos são crianças que tiveram que virar homens muito rapidamente, para poderem sobreviver nas ruas, privados de toda magia da infância e de todos os carinhos maternos e paternos, são crianças que viraram homens com certo rancor e carência de uma real infância, e de vez em vez essa falta de afeto e a lembrança de que ainda são crianças vem à tona, como no carrossel em que dois dos Capitães vão trabalhar, e em recompensa levam os outros do grupo para darem uma volta do carrossel, relembrando-os como é ter uma infância.
Em meio a hormônios masculinos e conversas de “homens”, as únicas relações com mulheres que os Capitães da Areia tem são as mulheres que eles “derrubam” no areal, ou seja, meras mulheres usadas para satisfazer os desejos sexuais deles, nada mais.
Em certa altura do livro somos apresentados ao mais novo membro dos capitães, Dora, uma menina cuja mãe, que já era solteira, morreu de varíola, deixando ela e seu pequeno irmão sozinhos no mundo. Depois de ser convidada a ir dormis no trapiche por uma noite por alguns capitães e de quase ser estuprada por outros, ela se junta ao grupo, se tornando um deles.
Dora passa a ser a figura feminina que faltava no grupo, que os meninos, pobres de afeto precisavam. Ela se torna mãe de uns, irmã de outros, e noiva, dando o afeto que faltou na infância dos meninos. Ela, a meu ver, representa a estrutura familiar e o afeto, ela é o elo que passa a ligar os Capitães, sendo mais que apenas um membro do grupo. É quando ela chega que a real carência parece no grupo, onde podemos ver o verdadeiro estado emocional em que os Capitães de encontram. Ela vira um ícone de adoração, sendo comparada com mulheres como Rosa Palmeirão e Maria Cabaçu, tanta a importância que ela tinha. Quando ela fica adoece e eventualmente morre as coisas começam a mudar do trapiche, primeiro é a saída do Professor, pois não aguentava mais ficar naquele local que relembrava sua amada Dora, e logo depois, um a um, os principais Capitães vão seguindo seu rumo, alguns até saindo da cidade de Salvador.
Dora é o afeto, a maternidade e o amor que faltavam para os meninos do deque materializados em uma pessoa, que os acolheu com esse carinho e amor, dando-os o que um pai ou uma mãe não os pode dar, ela simboliza as relações familiares e as usas importâncias, sendo que quando esse afeto materializado em pessoa desaparece, desestabiliza o grupo, como desestabilizaria uma família, se o afeto e amor entre os membros da mesma desaparecesse.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Um breve adeus


________,
Pelo que você me conhece pelo que já passamos juntas, você já deve saber o meu estado emocional, ainda mais escrevendo essa carta, uma carta de um “adeus” provisório, mas lá vai...
(espero que não fique uma carta clichê...).
_____, minha pequena -ou não mais-, um ano longe de você, nossa, achei que isso só iria acontecer nos meus sonhos mais remotos quando entrássemos na faculdade, pois penso assim desde a 5ª série, o ano em que nos tornamos amigas. Nunca pensei que seria tão difícil escrever algo para essa ocasião, e o que já vivenciamos não cabe e nunca caberá em um mero pedaço de papel com meras letras nele, pois o que passamos juntas foi algo inesquecível e inapagável, mas posso tentar, apenas tentar, expressar o que estou sentindo com nossa “separação”.
Um ano pode parecer muito, pois é muito, tente contar quantas memórias construímos, juntas, em apenas um ano... Impossível, né?! Mas esse ano será diferente, pois as memorias que iremos construir serão memórias de um mundo novo, uma vida nova, e, infelizmente (e felizmente, ao mesmo tempo) serão memorias com outras pessoas, que por hora são desconhecidas, mas sem nos esquecermos da nossa vidinha aqui no Brasil, ok?! Quando esse “novo” ano acabar, e nós voltarmos para nossas antigas vidas, tudo será igual, pois não será um ano longe que fará nossa amizade mudar, mês será diferente, pois estaremos um ano mais velhas, um ano mudadas pela nova experiência, um ano mais maduras, e um ano a mais de amizade com você, e pretendo, os meus 90 anos, perder a conta de quantos anos estamos presentes uma na vida da outra.
Mas por hora, ainda que somos jovens, devemos e podemos aproveitar o tempo que nos resta de colégio, da convivência quase que diária -quando não diária- e desfrutar de momentos como os que estão hoje registrados na minha escada, esperando por novas aventuras.
As lagrimas caem uma por uma (ou dúzia por dúzia), mas não são lágrimas de uma tristeza permanente, pois esse adeus não será permanente, e espero que o adeus permanente, nunca chegue.